Para quê serve a Literatura ?
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Nesse livrinho, que bem poderia ser o livro de cabeceira de todos os apaixonados por literatura, Antoine Compagnon lembra “rapidamente três ou quatro explicações” sobre “o poder da literatura”, traçando, assim, sua história:
- A literatura deleita e instrui; instrui deleitando. E, isto já estaria posto lá na “Poética”, de Aristóteles. Por meio da catharsis, ou seja, da apuração das paixões pela mimesis – ou representação, ficção – nossa vida melhora.
- A segunda definição, provinda do contexto das Luzes, faz da leitura mais do que instrução e deleite. A literatura “liberta o indivíduo de sua sujeição às autoridades”, “cura, em particular, do obscurantismo religioso”, “instrumento de justiça e de tolerância”. Enquanto experiência de autonomia do sujeito contribui para “a liberdade e para a responsabilidade do indivíduo”.
- A literatura “compensa a insuficiência da linguagem” e, com isso, quer dizer que “o poeta e o romancista nos divulgam o que estava em nós mas que ignorávamos porque faltavam-nos as palavras”.
- Pela literatura ter sido empregada por razões pedagógicas, ideológicas ou linguísticas, ela perdeu qualquer compromisso instrumental, sendo então concebida meramente como modo de “matar o tempo”.
- Compagnon, todavia, se recusa a acreditar nessa concepção, pois, para ele, a literatura nos permite “respirar”, isto é, só ela nos possibilita “preservar e transmitir a experiência dos outros, aqueles que estão distantes de nós no espaço e no tempo, ou que diferem de nós por suas condições de vida” .
Em resumo: a literatura nos auxilia a desenvolver a sensibilidade, com ela aprendemos mais sobre nós mesmos e sobre os outros, ela nos torna mais flexíveis e tolerantes, nos auxilia a refletir, a deliberar. Como afirma Calvino “há coisas que só a literatura pode nos dar”.