O Som do Silêncio (2019)
O filme O Som do Silêncio (2019) em nada remete à pandemia: nem no roteiro, nem em nenhum outro aspecto. Porém, enquanto eu assistia ao filme, não consegui deixar de ver semelhanças… E explicarei a razão.
O filme mostra um jovem músico, Ruben, que vive com sua namorada em um trailer. Ela é cantora e ele é baterista, e os dois percorrem cidades fazendo shows. Eles fazem um tipo de música bem alto e, de certa forma, agressivo. O casal, porém, é carinhoso e os dois parecem se cuidar, se proteger e vamos percebendo, aos poucos, que ambos já sofreram bastante e encontraram um no outro- assim como na música- um refúgio.
Uma fatalidade, porém, abala toda essa estrutura construída pelo casal: Ruben começa a ficar surdo. A surdez que o acomete vem repentinamente e de forma avassaladora. Nas primeiras cenas, ele já está com aproximadamente apenas 25% de audição e logo em seguida praticamente perde a capacidade de ouvir por inteiro. Esse quadro já traria desespero para qualquer pessoa, mas para alguém que vive de música é ainda mais devastador. Ruben vê todos os seus planos sendo destruídos e todo seu estilo de vida desmoronar.
Com a ajuda da namorada, ele encontra um local onde há uma espécie de comunidade para surdos. Para que ele aceite ficar, Lou precisa ir embora. Juntos há 4 anos, eles precisam se separar para que ele possa receber o tratamento, mas com a ideia de que se reencontrarão depois de um tempo.
Neste momento, Ruben passa a ter duas opções: adaptar-se a uma nova vida, completamente diferente, ou apegar-se à vida anterior, para a qual dificilmente conseguirá voltar, ainda que tente…
E onde entra a pandemia nisso tudo? Bem, todos tivemos nossas vidas modificadas drasticamente: isolamento social, máscaras, medo… Por mais que se queira, será que conseguiremos voltar ao que era antes? Ou precisamos nos adaptar a um novo normal e ver nele como ser feliz? É possível? Creio que sim, tanto para nós, com a pandemia, como para o personagem do filme. Para mim, o filme é sobre isso: reinventar-se e buscar o que pode haver de bom em uma nova realidade, sobre a qual não temos controle.